Que nós temos o único bairro com um nome de um negro:
Beiru.
Pois é, Beiru é o único bairro em Salvador a ter o nome de um negro.
Beiru era o nome de um negro nigeriano, que como milhares de negros, ao chegar ao Brasil
lhe foi tirada a condição humana. Passou a ser propriedade da família Garcia
D’Avila e trabalhar na fazenda Campo Seco. Após uma vida de trabalho escravo,
conquistou o direito a viver como
Homem livre, formando um quilombo em um pedaço de terra doada por
seus antingos senhores.
Com o tempo o nome de Campo Seco foi substituído por Beiru como uma forma de
homenagear o fundador daquela comunidade quilombola.
A história do Beiru se confunde com a história dos cultos
afro, terreiros e, principalmente, com a história do seu primeiro morador –
Miguel Arcanjo. Beiru foi um negro escrevizado, comprado pela família Hélio
Silva Garcia. Ele herdou as terras antes pertencentes aos seus donos, hoje
equivalente a área ocupada pelo Beiru, que gira em torno de 1 milhão de metros
quadrados de área.
Essas terras, após a morte de Beiru, voltaram à posse da
mesma família de origem, já que “Preto Beiru” como era chamado, não tinha herdeiros
libertos. Os Hélio Silva Garcia, em gratidão a Beiru, resolveram homenagear-lhe
dando o nome Beiru à sua fazenda, como
consta na escritura da fazenda datada do final do século XIX.
Quem foi Preto Beiru?
Para alguns era um feitor encarregado de
zelar pelas terras de uma fazenda onde eram as nossas casas, impedindo que
aqueles mais pobres fizessem suas rocinhas ou casinhas. Dizem também que é nome
feio em nagô. O tempo se encarregou de apagar da memória da comunidade o porque
ter o nome de beiru.
Mas o fato é que hoje o bairro, representado pelo nome de um
ex-presidente, diga-se de passagem branco, ainda sofre.. Atualmente o Tancredo
Neves conta com uma população de cerca de 180 mil habitantes, e já tem um
desmembramento muito famoso, que é o Arenoso. Hoje conta com um comercio
próprio, rede transporte, pavimentação, serviço de esgotamento, delegacias,
linhas de ônibus.
Mas nem sempre foi assim. Demorou-se muito para que o bairro
ganhasse sua atual configuração e processo de urbanização. Depois de muita luta
é que foram feitas algumas melhorias, inclusive acabando com patrimônios que
poderiam ter validade como patrimônio histórico,
e oferecer recursos para estudos dos atuais moradores, como aconteceu com O terreiro de Miguel
Arcanjo, que foi completamente destruído, excetuando-se as árvores sagradas dos
cultos amburaxós, para a construção de um posto médico no local.
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